Orgão denuncia impunidade no Brasil
O Instituto Internacional de Imprensa denunciou esta semana em Viena, Áustria, o descaso das autoridades brasileiras pelo andamento do inquérito policial que deveria apurar o assassinato do jornalista Manoel Leal, ocorrido há um ano, em Itabuna-BA. O relatório sugere um desinteresse deliberado das autoridades policiais da Bahia em concluir a apuração do crime, mesmo dispondo dos nomes de três acusados, fornecidos pelo ministério da Justiça e pela Policia Federal. O International Press Institute destaca a suposta ligação dos criminosos com a polícia baiana e insinua que o jornalista foi assassinado em decorrência de denúncias que seu jornal, o mais influente do sul da Bahia, vinha fazendo contra irregularidades cometidas pelo prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, e contra prevaricações atribuídas ao chefe de polícia de Salvador, Gilson Prata.
Brasil é destaque com 4 mortes
O relatório da IPI inventariou 50 assassinatos de jornalistas em todo o mundo, dos quais 25 cometidos em países latino-americanos, a maioria por questões políticas ou para silenciar denúncias de corrupção e arbitrariedades cometidas por órgãos de segurança e policiais. O Brasil figura com destaque na relação dos crimes contra a imprensa com um total de quatro assassinatos de jornalistas em 1999. Além de Manoel Leal, constam da lista os assassinatos dos jornalistas José Carlos Mesquita, morto em Rondônia; Donizete Adauto, assassinado no Piauí; e Miguel Pereira de Melo, fotógrafo, morto em 5 de novembro passado no Pará. Miguel Pereira deveria depor, como testemunha, no inquérito sobre a chacina de 19 trabalhadores sem-terrra em Eldorado de Carajás (PA), mas foi silenciado com cinco tiros disparados por seus matadores, antes de prestar depoimento.
Bahia é destaque na impunidade
O estado da Bahia é um caso especial, somando dez assassinatos de jornalistas somente entre 1991 e 1998, isto sem contar as centenas de ações de espancamento e ameaças. Nenhum destes crimes foi investigado de verdade, com excessão da morte de Manoel Leal, que resultou num relatório cheio de falhas, erros e omissões quase criminosas por parte do delegado encarregado e o promotor de justiça que deveria acompanhar o caso. Veja como foi o crime, o arquivamento do inquérito apesar dos fortes indícios, e a análise do relatório feita por um criminalista de Salvador. O retrato da impunidade baiana.
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