Anistia preocupada com mortes
A Anistia Internacional cobrou providências do presidente Fernando Henrique Cardoso em relação às denúncias de mortes e pressões sofridas por moradores da fazenda São Gonçalo, em Paraty, Rio de Janeiro. Segundo o representante da Associação de Moradores e Produtores Rurais de São Gonçalo, Erico Porto da Silva, a responsabilidade pelos problemas é da empresa White Martins.
"A biblia numa mão e arma na outra"
Erico relata que a White Martins já expulsou do local cerca de 170 famílias, fechou quatro praias públicas, e ameaça aqueles que ainda lutam para ficar com suas terras. A briga dura trinta anos e, neste período, já ocorreram seis mortes violentas de colonos. Porto afirma que ele e mais dois familiares estão na lista de jurados de morte. A última morte ocorrida foi a do carteiro José Milton de Oliveira, o Zequinha, atropelado e depois morto a pauladas no dia 16 de agosto. Ele também atuava na comissão de defesa das terras dos colonos. O pastor Erico diz ainda que seu tio, Jorge Porto, foi esfaqueado em fevereiro e novamente atacado depois do carnaval, conseguindo escapar de uma emboscada. "Os capangas desta empresa usam da violência para nos intimidar, já mataram alguns de nossos moradores e continuam ameaçando", conta. Erico Porto é pastor e, para resumir o drama, desabafa: "ando com a biblia numa mão e a arma na outra, para me defender".
Condomínio de luxo seria a causa
Erico relata que a White Martins tem interesse em desapropriar os colonos porque quer contruir um condomínio de alto luxo no local, privilegiado pela natureza. "Muitas das famílias que foram expulsas daqui hoje vivem na miséria, faveladas e sem condições de se manter", conta, "sabemos que a White Martins tem boas relações com o governo e temos medo de que ela acabe ficando impune", resume.
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