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The Brazilian tem muito prazer em publicar artigos de colaboradores, como Ricardo Abude,
que estréia este espaço. Leia também estes outros artigos especiais, de nossos
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Abril.2002
Abusos nos Estados Unidos
"Se você tem planos de visitar os EUA. aconselho-o a pensar
nas experiências que tive no Aeroporto de Los Angeles, dia
25 de fevereiro. Sou engenheiro eletrônico, 20 anos de
formado. Hoje, administro meus próprios negócios, no setor
agropecuário.
Em 42 anos de vida, viajei inúmeras vezes aos
EUA, a negócio ou a turismo. No ultimo dia 24, embarquei em
Salvador com destino a Los Angeles, de posse do meu terceiro
e último visto para os EUA, de novembro/1999, válido até
novembro/2009.
"Sabia do aumento nas medidas de segurança, em função do
11/09. E já no Galeão-Tom Jobim a mudança de rotina é
facilmente percebida. Mas jamais poderia imaginar o que se
segue.
Cheguei a LA às 7 da manhã. O oficial que me atende
no controle de passaportes olha os meus documentos por uns
cinco minutos e me dirige a órgão da Imigração chamado
'Secondary 1'. Nunca acontecera, mas imaginei ser atendido
por outro oficial para prestar esclarecimentos referentes à
minha visita.
"Um segundo oficial me pede que pegue a bagagem e o
acompanhe. Ato contínuo, sou jogado dentro de uma cela de
2x2m. Bagagem, dinheiro e documentos são confiscados.
Retiram meu cinto e o cadarço dos sapatos. Meus protestos
(falo inglês fluentemente) são respondidos com ameaças de
agressão física e confinamento.
Sou revistado dos pés a
cabeça. Tiram minhas impressões digitais e me jogam numa
sala imunda, fétida, sem ventilação e já apinhada de gente.
Todos já tinham passado pelo mesmo 'ritual'.
"Numa sala de 4x4m, com cadeiras imundas e carpete preto
igualmente imundo e mal-cheiroso, havia 20 pessoas e uma
enorme tevê de 50" ligada a todo volume. Gente cansada,
faminta, doente. Gente vomitando. Pedi para fazer uma
ligação telefônica. 'Shut up! No phone calls!'
"Às dez da manhã, preso e sem a menor idéia do que
aconteceria a seguir, percebo a romaria de pessoas que
chegam à cela e me escandalizo - o mesmo tratamento é dado a
mulheres, adolescentes, crianças e idosos.
Oficiais
americanos disputam o privilégio de revistar as mulheres e
adolescentes mais bonitas, sem a menor preocupação de
esconder a luxúria dos seus respectivos pais, maridos ou
irmãos, fazendo comentários, convites, insinuações e
declarações obscenas na frente de todos.
"'Acabei de revistar um latino nojento...agora é a minha vez
de revistar esta italiana gostosa', diz um deles ao colega,
referindo-se à esposa de um turista. A pequena cela cada vez
mais cheia e com um mau cheiro insuportável. Duas da tarde
sou levado para uma 'entrevista' quase surrealista com um
dos oficiais de Imigração.
Ele me 'explica' que como o meu visto e todos os meus papéis
estão legais e em perfeita ordem ele me daria duas opções: a
primeira era assinar um documento onde eu 'solicitava' o
cancelamento do meu visto, retornando no primeiro vôo
disponível ao Brasil.
Se recusasse, seria preso por tempo
indeterminado e passaria por um processo de deportação
compulsória. Detalhe: enquanto eu não assinasse o documento,
não receberia água ou comida. O que você escolheria? Pois é.
Eu também.
"Às quatro, eu e mais uns cinco 'prisioneiros' somos
retirados da sala. Somos algemados e escoltados por
policiais armados, nos fazem caminhar pelo aeroporto, sob os
olhares de turistas aterrorizados. Levam-nos até uma van,
estacionada na frente do aeroporto e nos transferem para uma
cela em outro terminal.
Às seis, em função dos meus insistentes protestos, recebo
autorização para fazer uma ligação telefônica. Ligo para um
advogado de LA, na esperança que ele pudesse me tirar
daquele inferno, mas a informação que ele me da é ainda mais
surpreendente: as instalações da Imigração no aeroporto não
são consideradas legalmente como solo americano. Não se pode
invocar nenhum direito civil.
"Começo a sonhar com a hora de voltar ao Brasil... antes
disto, porém, iria passar a pior noite da minha vida.
Cadeiras de plástico imundas. Frio e a perspectiva de usar
aqueles cobertores pretos e pegajosos.
Cinco policiais de
guarda, entediados, divertem-se chutando 'chineses
nojentos', xingando 'pretos estúpidos', ameaçando 'latinos
babacas'. São incapazes de articular três palavras sem um
palavrão. Passamos a noite imersos neste mar de preconceito
racial, prepotência, violência, arrogância e covardia.
"Na cela, dois posters imensos na parede. Um enorme mapa do
Brasil e uma foto da cidade de Ouro Preto. Segunda, uma da
tarde, depois das piores 30 horas da minha vida, dois
policiais armados me conduzem até o avião, entregam meu
passaporte à comissária e montam guarda na porta do avião
até a decolagem. Uma humilhaçãozinha de última hora.
"Na terça, 7h30, desembarco cansado mas imensamente feliz no
Aeroporto do Galeão. Ligo para a minha namorada - a Sarah -
em Belo Horizonte. Depois do susto e das explicações,
convido-a a celebrar o nosso inusitado reencontro com uma
viagem. Para Ouro Preto - é claro!"
Por Ricardo Abude, engenheiro, Salvador, BA *
* NOTA DO EDITOR: Ricardo é irmão de um companheiro do Rotary Clube Itabuna Sul, do Distrito 4550 e
enviamos ofício ao presidente do Roatary Internacional no sentido de que ele aborde o presidente
americano sobre o assunto.
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